CNA aborda gestão de riscos em workshop da FGV

Evento aconteceu na sexta (31), em São Paulo
Brasília (31/01/2025) – A CNA participou, na sexta (31), de um workshop sobre seguro rural promovido pela Fundação Getúlio Vagas, em São Paulo.
O assessor técnico Guilherme Rios fez uma apresentação sobre o panorama da gestão de riscos no Brasil, que hoje tem apenas 16% de área de agricultura coberta com seguro rural dos 70 milhões de hectares cultivados.
"Estamos ainda muito distantes da cobertura necessária para esse setor que é tão importante e que fomenta nossa economia”, disse.
Segundo Rios, em 2024 o setor discutiu muito para encontrar um novo modelo de seguro rural, usando, inclusive, o modelo praticado nos Estados Unidos como exemplo.
"As diferenças entre o modelo brasileiro e o americano envolvem, por exemplo, a questão do orçamento. Lá eles cobrem mais de 80% da área cultivada com bilhões de dólares por ano, que nós não temos aqui e eles encaram a gestão de risco como política de Estado. A falta disso no Brasil atrapalha na oferta de produtos para os produtores rurais."
O representante da CNA citou ainda uma pesquisa feita entre os produtores das cinco regiões brasileiras onde apontaram as principais dificuldades para ar o seguro rural.
"Se juntarmos todos os custos que o produtor fica exposto ao contratar uma operação de crédito, ultraa e muito a rentabilidade que ele tem. Além disso, em muitas regiões, como Norte e Nordeste, o produtor não tem oferta de produtos. Chegamos à conclusão que a falta de aporte orçamentário e políticas assertivas atrapalham até o trabalho das seguradoras na oferta desses produtos”, ressaltou.
Para Rios, hoje com a margem apertada, o produtor tem que colocar na balança se vai contratar o seguro rural. “Muitas vezes ele acaba sacrificando essa ferramenta que é importantíssima para sua atividade. Por isso a gente precisa dessa política estruturada e previsibilidade de orçamento para atender o produtor rural e garantir a nossa produção."
Guilherme Rios explicou que no cenário atual há orçamento insuficiente para pagamento do Prêmio de Subvenção ao Seguro Rural, além de limitações de o ao Proagro, fundo catástrofe ainda aguardando operacionalização e mercado de crédito receoso com o setor.
Para reverter esse cenário, o assessor da CNA indicou algumas ações necessárias como a disseminação de outras ferramentas não só para o produtor enfrentar problemas climáticos, mas também os mercadológicos.
Ferramentas como hedge (estratégia de proteção financeira que visa minimizar os riscos de perdas em investimentos), opções de seguro paramétrico, práticas culturais, a criação de um banco de dados para construção, integração e melhoria de produtos e políticas públicas e a aprovação do Projeto de Lei 2951/2024, da senadora Tereza Cristina, que dará base para o desenvolvimento da gestão de riscos no Brasil.
Em relação ao PL, Rios destacou que a CNA acredita que a iniciativa poderá ser a base para a construção e fortalecimento do cenário da gestão de riscos no Brasil.
“Temos avançado bastante nesse tema e esperamos que no próximo ano tenhamos essa estrutura para o produtor, com orçamento do seguro livre de cortes e possibilitando que seguradoras e resseguradoras ofertem produtos que o produtor necessita para que continue produzindo alimentos e riqueza para o nosso país."