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PIB da agropecuária cresce 12,2% no primeiro trimestre de 2025

O PIB da agropecuária cresceu 12,2% no primeiro trimestre de 2025, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior. No primeiro trimestre de 2024, ano em que o País registrou quebra de safra de grãos em razão de adversidades climáticas, o crescimento do PIB do setor foi de 3,2%, na mesma base de comparação. A alta da agropecuária influenciou fortemente o crescimento do PIB brasileiro, que cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025. Com o resultado, a participação da agropecuária subiu de 6,7% para 7,4% do PIB total. Ressalte-se que o resultado do PIB nacional ficou pouco abaixo das expectativas de mercado, a Bloomberg e a Agência Estado previam crescimento de 1,5%.

O gráfico 2 apresenta os resultados do PIB dos setores e subsetores, considerando a variação do 1º trimestre de 2025 em relação ao trimestre imediatamente anterior. O setor industrial, especialmente as Indústrias de Transformação e da Construção foram as que registram pior resultado no trimestre, de -1,0% e 0,8%, respectivamente. O grande destaque em termos de maior variação positiva foi a Agropecuária, com crescimento acima de dois dígitos (12,2%), seguido de Informação e comunicação (3,0%) e Indústrias extrativas (2,1%).

O resultado do PIB agropecuário era esperado. O setor tradicionalmente registra forte crescimento no primeiro semestre do ano. Isso ocorre em razão da colheita de culturas de verão, com especial destaque para a soja (1ª safra) e o milho (1ª e 2ª safra), os dois carros chefes da produção agrícola nacional.
O gráfico 3 indica as culturas com maiores altas e quedas em 2025, quando comparadas aos resultados de 2024, segundo informações do IBGE (LSPA). Destaque para as principais culturas agrícolas que apresentaram crescimento da produtividade no primeiro trimestre deste ano. Quatro culturas apresentaram queda quando comparados a safra do ano anterior. Os destaques positivos ficaram para o Amendoim (47,0%), Cevada (30,8%), Fumo (25,2%), Uva (16,7%) e Soja (13,3%). Pelo lado das quedas, a Castanha-de-caju (-12,4%), Café Arábica (-7,5%), Triticale (-1,9%) e a Cana-de-Açúcar foram os únicos produtos que apresentaram retração na produtividade. Outro fator que chama atenção no setor, é o desempenho da produção pecuária, com aumento de abates de Bovinos em 3,8%, Aves (2,3%) e Suínos (1,4%) no primeiro trimestre, comparado ao mesmo período do ano anterior.
Avaliando os maiores crescimentos da safra de soja, que representa 36% de todo faturamento agrícola brasileiro, da perspectiva regional, os destaques foram para os estados de São Paulo (50,3%), Tocantins (28,1%), Mato Grosso (26,4%), Goiás (21,4%) e PR (17,0%), enquanto o Rio Grande do Sul deve apresentar retração da produção em 27,3%, devido as adversidades climáticas enfrentadas pelos produtores gaúchos.
O crescimento da produtividade da oleaginosa se deu em virtude de um clima favorável, que propiciou um desenvolvimento muito bom das plantas, atrelado a uma baixa incidência de pragas. Ainda que no cômputo geral a safra da oleaginosa no Mato Grosso do Sul e Paraná tenha tido bons resultados, é preciso destacar que em algumas regiões destes estados – sul do MS e oeste do PR – os produtores tiveram produtividade abaixo da média histórica, mas os piores resultados históricos foram encontrados no estado gaúcho. Historicamente, a produtividade média de Carazinho/RS fica entre 50 e 52 sacas por hectare, neste ano, a produtividade caiu para aproximadamente 42 sacas/ha. Para os próximos trimestres, possível acordo comercial entre China e EUA para cotas de comércio da soja deve dificultar a perspectiva das exportações brasileiras para o mercado asiático.
Dentre os estados, Tocantins (13,8%), Roraima (8,7%), Acre (8,4%), Piauí (8,1%) e Pará (7,2%) devem apresentar os maiores crescimentos do PIB agropecuário ao longo deste ano.

Considerações finais
O resultado da atividade econômica no primeiro trimestre veio praticamente em linha com as expectativas de mercado. Com o desempenho observado, o PIB totalizou R$ 3,0 trilhões no período, sendo R$ 2,6 trilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 431,1 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Pelo lado da oferta, o destaque foi a agropecuária (dentro da porteira), que superou as expectativas do mercado, inclusive as da CNA, mesmo já considerando a safra recorde de grãos estimada para este ano – 332,9 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
É importante lembrar que os bons resultados desta safra se devem ao clima favorável e ao investimento realizado pelos produtores rurais. No entanto, esse mesmo nível de investimento pode não se repetir na próxima safra, diante do elevado custo do financiamento produtivo, atrelado a instabilidade econômica e política, dado as incertezas globais.
O crescimento da produção agropecuária é fundamental para a garantia do fornecimento de alimentos a preços íveis. Nesse sentido, políticas estruturantes – como o o a crédito com juros compatíveis e instrumentos de gestão de risco – são essenciais para a continuidade da atividade produtiva. Essas medidas asseguram a permanência do produtor no campo, promovem a segurança alimentar da população e fortalecem a balança comercial por meio das exportações.
Finalmente, ressalte-se que além do impacto direto na produção de alimentos e nas exportações, o desempenho da agropecuária tem efeitos indiretos relevantes sobre toda a cadeia do agronegócio, estimulando setores como a indústria de insumos, a logística, o comércio e os serviços. O bom resultado no campo tende a impulsionar o consumo em regiões agrícolas e a dinamizar economias locais, sobretudo no interior do país, evidenciando o papel estratégico do setor para o crescimento regional e a redução das desigualdades territoriais.
