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Campo Futuro
6 de junho de 2025
Margem bruta da soja deve recuar na safra 2025/26
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Produtores brasileiros estão finalizando a colheita de grãos da safra 2024/25 e já estão planejando a próxima temporada. Para avaliar os primeiros números da nova safra 2025/26, pesquisadores do Cepea, em parceria com a CNA, por meio do Projeto Campo Futuro – Sistema Senar/CNA, projetaram os custos de produção e as margens para a cultura da soja.

Para esta simulação, foram considerados os mesmos coeficientes técnicos para os insumos agrícolas e as operações mecânicas da safra 2023/24, mas os preços médios de tais insumos foram atualizados com dados coletados entre dezembro de 2024 e março de 2025. Já para o preço médio de venda da soja, foi considerado o valor do contrato futuro Março/26, de US$ 10,5 por bushel (ajustes de 2 a 15 de maio da Bolsa de Chicago/CME Group), o prêmio médio de exportação do grão, de 4,79 centavos de dólar por bushel (com base também nos ajustes de 2 a 15 de maio para o contrato futuro Março/25) e taxa de câmbio de R$ 5,5. Além disso, foi considerada a produtividade média das últimas cinco safras (de 2019/20 a 2023/24). As regiões avaliadas foram: Sorriso (MT), Campo Novo do Parecisb (MT), Maracaju (MS), Rio Verde (GO), Cascavel (PR), Londrina (PR), Guarapuava (PR), Carazinho (RS), Triângulo Mineiro, Luís Eduardo Magalhães (BA) e Balsas (MA).

De maneira geral, o Custo Operacional Efetivo (COE) médio de todas as regiões analisadas ficou praticamente estável para safra 2025/26 frente à anterior. No entanto, a margem bruta estimada para o produtor com terra própria deve recuar 47,6%, ando de R$ 2.325,50/ha em 2024/25 para R$ 1.219,60/ha em 2025/26, o que equivale a uma perda de aproximadamente 10,3 sacas por hectare. O cenário é ainda mais desafiador para quem trabalha com áreas arrendadas, onde a margem bruta projetada se torna negativa, em -R$ 229,50/ha, representando uma retração de R$ 752,40/ha em relação à safra anterior.

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Grafico 1. Estimativa de produtividade de nivelamento para saldar o COE e CT para safra 25/26 ante a produtividade média das últimas 5 safras (19/20 a 23/24) para regiões selecionadas.
Fonte: Projeto Campo Futuro (Sistema CNA/Senar), em parceria com Cepea.

O fator de maior peso na compressão da margem foi a queda projetada de 13,3% no preço médio da soja para março de 2026, quando comparado ao preço médio entre outubro de 2024 e abril de 2025. Pelo lado dos custos, o principal fator de pressão foi o aumento de 17,7% nos gastos com fertilizantes no período. Esse impacto, no entanto, foi parcialmente compensado pela queda nos custos de operação mecânica (-0,3%), defensivos agrícolas

(-6,1%) e sementes (-9,3%). Com esses movimentos, o orçamento total de custos registra uma leve alta de 0,4% para a safra 2025/26.

Diante disso, as quantidades de sacas de soja necessárias para saldar o custo operacional efetivo (COE) e o custo total (CT) para Sorriso estão estimadas em 57/ha e em 77 /ha, respectivamente, sendo que a produtividade média das últimas cinco safras foi de 59 sacas/ha. Em Rio Verde, a produtividade de nivelamento para cobrir o COE foi calculada em 53 sc/ha e, para saldar o CT, em 76 sc/ha, contra uma produtividade média de 66 sc/ha nas últimas cinco temporadas; em Maracaju, seriam necessárias 42 sc/ha para o COE e 63 sc/ha para o CT, e a produtividade média de 2019/20 a 2023/24 foi de 60 sc/ha. Para regiões de Cascavel e de Carazinho, serão necessárias 45 sc/ha para as duas localidades para saldar o COE e, respectivamente, 80 sc/ ha e 76 sc/ha para cobrir o CT, contra produtividade média de 55 sc/ha.

O cenário projetado sinaliza preocupação para a rentabilidade dos produtores brasileiros, sobretudo aos de regiões que acumularam prejuízos nas safras adas e que estão atualmente com a capacidade de investimento em infraestrutura e inovação tecnológica reduzida. A nova temporada se torna ainda mais desafiadora quando considerados o atual patamar da taxa de juros básica do Brasil, a escassez de crédito e o aumento de garantias para a realização de financiamentos.

É importante destacar que os valores das margens brutas estimados devem ser ajustados conforme as safras 2025/26 norte-americana, argentina e brasileira avançarem. A semeadura da soja nos Estados Unidos está em andamento e ainda tem todo o seu desenvolvimento pela frente exposto às variações climáticas, tais como alta temperatura e veranico em junho e julho. No Brasil, agentes do setor estão atentos ao conflito comercial entre os Estados Unidos e a China – em maio, a trégua no conflito gerou expectativa de que os embarques brasileiros fossem limitados no curto prazo. De um modo geral, muitos temem que um agravamento do conflito possa resultar em recessão global, que, por sua vez, poderia levar a uma desvalorização das commodities e enfraquecimento do dólar.

Ativos Campo Futuro - Cereais, Fibras e Oleaginosas Maio 2025

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